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Uma atriz está sempre interpretando o texto de alguém. Ri, chora, ama, trai, perdoa... Vive intensamente emoções que não são exatamente suas.

Maitê Proença, uma das atrizes mais constantes do cinema, teatro e TV , resolveu ir além e passou a exercitar sua própria visão do mundo numa coluna na revista Época. Nesta espécie de reflexão diante de si mesma e do cotidiano, mostrou que seu talento transborda os palcos e estúdios. Seus textos são tão expressivos que a Ediouro resolveu publicá-los num livro.

Entre Ossos e a Escrita reúne as melhores crônicas da atriz publicadas ao longo de 2003 e 2004, algumas delas melhoradas e outras ainda inéditas. Como protagonista de duas histórias de época (Marquesa de Santos e Dona Beija), nela admirei a mesma consciência e acabamento que encontro em suas crônicas, afirma Carlos Heitor Cony, autor do préfácio, que diz ainda: Escrever é verbo transitivo, pede complemento direto, que em latim exige o acusativo. E Maitê acusa, acusa no sentido de estar presente, e não em termos de libelo, denúncia ou queixa, mas de expressão de seu mar interior. Em Maitê Proença não falta senso de humor nem olhar crítico. Aliás, não falta também sinceridade e fidelidade à vida e ao nobre sentimento que é o amor. Desconfio dessas moças de trinta e quarenta anos que, lindas, dizem agora sim ter atingido o ápice de não sei o quê, e que estão muito bem sozinhas porque, donas de seus narizes, podem se dar totalmente ao trabalho e aos prazeres da vida. Mentira. Elas tomam remédios para dormir e choram frustradas, sem entender por que, com tudo em cima, não conseguem um parceiro para encher de beijos e dizer te amo, alfineta.

Entre ossos e a escrita

  • Maitê Proença

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